quarta-feira, 13 de abril de 2016

Baile de Máscaras








E no caos diário, no Baile de Máscaras e disfarces mesmo o mais puro torna-se deturpado, e fica a mercê de meros elementos o discernimento, a distinção do real do trivial, o humano do animal, o banal do essencial. 


E as vezes a rispidez de um grito, a deselegância e a fúria é mais honesta que um sorriso difarçado de mentira, uma palavra em tom ríspido é mais sincero que um carinho fictício que se dissolve na rotina da vida. 

Somos medíocres e desacreditamos da honestidade de pessoas que ainda persistem com o vínculo inabalável com o bom senso e mantêm a verdade, como uma simples conduta de caráter.

Acreditamos no que desejamos acreditar, nos deixamos levar por outras bocas, em outros pensamentos, em expressões ao invés de impressões, fica mais fácil de acreditar nas pessoas com disfarces. 

Mas é aí? E lá no fim de tudo, quando já ninguém tiver um disfarce, quando apenas permanecer, sobreviver, sua vontade de amar, talvez você se veja sozinho, repousando os dias de sua vida, afogado em recordações de quando realmente encontrou o amor e pela ignorância do "eu" você, o deixou passar... foi quando encontrou a lealdade e não soube valorizar, porque era mas simples flutuar que arriscar de verdade, que se entregar até o final. 

Fim de baile, todas as mascaras caíram e você, sentado com sua inquietude, os anos bateram na porta e a abóbora se definhou.

Ah! Quem dera se  a curiosidade,  teimosia e o discernimento nos permitisse o desvendar dos disfarces, haveriam mascarados de tez trasnlúcida, almas cristalinas, que deixamos de enxergar, por olhar o reflexo de uma mascara que nunca existiu.



Beijos


Re Pinheiro

Um comentário:

  1. Somos máscaras diferentes ao longo do dia. De manhã, somos a preguiça, indolência, gemidos de dores mal dormidas. Logo a seguir, super-heróis do provimento de outros, pequenos que protegemos. Depois, colocamos máscara de player-de-mercado, executivo sério, engalfinhamos nas lutas corporativas competitivas e sem sentido. No almoço, ainda executivo, nos tornamos especialistas de generalidades, humoristas da hora, criaturas essenciais do mundo profissional, parceiros, brothers. Mas quando entramos na reunião do início da tarde, nossa alegria já se foi. Carrancudos, para que nossa máscara de seriedade possa causar respeito ou medo (que não são a mesma coisa), e para que a poeira que levantamos deixe a impressão de extraordinária produtividade, falamos do alto de nossa experiência como se palestrantes fôssemos, especialistas - os melhores do mundo - no desafio que ali está colocado. E soltamos o verbo como se soubéssemos de Orium ou Sírius, a origem da raça humana. Dá certo, só rindo, dá certo, somos elogiados às 17 horas, antes de partir para um último cafezinho com o chefe, onde recebemos o tapinha nas costas que energiza todo o dia seguinte. E assim a normose toma conta da gente, dia após dia, máscara após máscara. Já no trânsito, voltando pra casa, esquecemos quem somos, e nos tornamos novamente competitivos furiosos querendo chegar mais rápido, em que essa nova máscara nos torna pessoa diferente da que fomos em casa pela manhã e à tarde no trabalho. Agora somos irascíveis, não-colaborativos, reclamões. Mas basta desligar o carro, aquilo passa, como num toque mágico, e PRESTO, sorriso aparece, nova máscara, a de pai afetuoso, gestor responsável das finanças domésticas, marido amoroso, amante ávido. Todo dia ele faz tudo sempre igual e acorda às 6 horas da manhã, e sorri um sorriso popular e me beija com a boca de dizer não! :-D

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